Uma das coisas que adoro no meu trabalho é a oportunidade de ver e estudar (e arranjar) uma grande variedade de guitarras. Ao falar com os clientes, acabo por ter uma melhor compreensão de como variam e evoluem os gostos.
Yamaha Blues Saraceno, antes de um setup |
As Super Strat dos anos 80, por exemplo, eram guitarras "flashy" e coloridas, com braços mais finos, escalas com pouca curvatura, e com os sigle coils substituidos por humbuckers com output elevado ou com sistemas activos. Tudo em nome do conforto e do som da época.
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Les Paul de 59, onde se nota o desgaste nas arestas da e |
Os tempos mudam e os gostos tambem, e a certa altura começou-se a notar que os guitarristas estavam a encaminhar-se mais para o inicio dos tempos da guitarra electrica, para os modelos mais icónicos. O que apenas uns anos anos antes era aborrecido e obsoleto, passou a ser o maior e melhor objectivo; a Les Paul de 59, e as primeiras Stratocasters e Telecasters.
Para além do surgir de um movimento retro na industria da musica, há algo na tocabilidade e som destes clássicos que as pessoas começaram a querer.
Actualmente tanto instrumentos vintage como Super Guitars da década de 80 são instrumentos muito procurados e apreciados, e nota-se que muitos construtores e marcas estão a focar-se em construir algo novo, baseando-se nas melhores qualidades de "mundos" diferentes dentro do universo da guitarra eléctrica, o que para mim é fascinante.
Por exemplo, James Tyler e John Suhr são dos construtores que tem investido em melhorar o design da Strat e da Tele com caracteristicas modernas e acabamentos diferentes.
A primeira vez que toquei com uma James Tyler notei que havia algo diferente no braço que a tornava incrivelmente confortável, para além da forma e tamanho do braço, algo acerca do modo como a mão consegue pressionar as cordas dava vontade de continuar a tocar durante horas.
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James Tyler Mongoose com a escala muito arredondada |
Ao fim de algum tempo percebi que as arestas da escala são arrendondadas, permitindo que os dedos possam atingir qualquer ponto da escala com muito mais conforto, tal como acontece com uma guitarra antiga que tenha sido muito tocada (e por isso apresente desgaste das arestas). É um pormenor incrivelmente simples e faz imensa diferença a tocar.
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Suhr Standard - mais fina e com formas mais acentuadas |
John Suhr, por outro lado, aterou a forma clássica da Strat com o objectivo de a tornar mais confortável, e usa esquemas de electrónica próprios que modulam o som dos pickups e a interacção dos potenciómetros.
Aliás, temos hoje em dia uma mentalidade diferente no que diz respeito ao som, com uma enorme variedade de pickups entre os quais escolher, em vez de nor focarmos só no output desejado; podemos ter por exemplo um humbucker que soe como um single coil vintage, mas sem os ruidos caracteristicos.
Saber que aspectos nos agradam am várias guitarras, e como essas caracteristicas vão interagir entre sí é uma mais-valia no encomendar de uma guitarra custom ou um trabalho de modificação, mas vou deixar esse assunto para outro post.
Fotografias:
Musicradar.com
Rocketmusic.net
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