IF YOU FIND PORTUGUESE CONFUSING HERE'S MY BLOG IN ENGLISH

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mods de electrónica - opções (parte 3)

Tenho estado maioritariamente a falar de versatilidade e de adicionar opções ao instrumento (aqui e aqui), mas podemos também mudar o que já temos: aquele pot de volume que perde agudos quando se corta o volume, ou o raramente usado pot de tone que corta ou agudos a mais ou a menos. 

O principal a reter em relação a potenciómetros é que o mais importante é o valor dos mesmos, e quanto mais alto esse valor, mais agudos temos. Daí que o que normalmente se recomenda para humbuckers sejam pots de 500k, e de 250k para single coils. Mas na realidade, qualquer valor pode ser usado, por exemplo, se um humbucker soa sem vida, porque não experimentá-lo com um pot de 1000k, em vez de partir para trocar os pickups á guitarra.

Potenciómetros podem ser ligados de várias maneiras, os mais comuns são pots de volume e de tone

O pot de volume funciona enviando o sinal do pickup para a terra, reduzindo o volume do som até deixar de se ouvir.

O pot de tone é um filtro de agudos que através de um condensador, envia as frequências agudas para a terra, tornando o som cada vez mais grave e "escuro".

A maioria das pessoas mantém a guitarra com estes potenciómetros, mas na oficina também recebemos bastantes clientes que querem mudar o efeito que os potenciómetros têm no som. Aqui ficam algumas das mods que fazemos mais:


Treble Bleed - Há vários esquemas para fazer um treble bleed, e na minha opinião, o esquema certo depende da guitarra e do instrumentista. Guitarristas notam muitas vezes que quando baixam o volume da guitarra (por exemplo até meio), o som fica abafado e sem agudos. Este é um problema resolvido com  treble bleed, que traz de volta as frequências agudas. Esta mod pode também trazer mais agudos consoante se baixa o volume, o que é particularmente útil para quem usa o pot de volume para "limpar" o som (de overdrive para som limpo).  

Sweep - Nalguns casos as transições (sweep) dos pots é muito inconsistente; nada acontece até o pot rodar quase ao maximo, ficando subitamente sem agudos (tone) ou som (volume). Esta mod é feita para corrigir este problema, dando ao pot um espectro maior, com melhor resposta. Na minha opinião é particularmente útil no pot de tone

Condensadores - Consensadores para o pot de tone existem com uma variedade enorme de tamanho, materiais e valores. Tal como nos potenciómetros, o factor mais importante para o som é o valor do condensador: quanto mais alto o valor, mais agudos corta até ao 0 do pot.



Se um guitarrista não gosta do som do tone (especialmente no 0) e não usa as transições do pot, é uma questão de se mudar o valor do condensador. Isto não só muda o som do pot tone no 0, mas em todo o sweep. Um valor mais baixo no condensador dá um corte de agudos menos extremo no 0, mas mais posições ao longo do sweep.

Para ajudar clientes a escolher o valor do condensador, fiz um tester (aproveitando a caixa de um pedal de fuzz) com um pot e um switch de seis posições com diferentes condensadores e um interruptor de bypass, para comparar com o som original da guitarra. 



Tanto potenciómetros como condensadores têm uma tolerância, o que significa que, por exemplo, um pot de 250k medir na realidade 300k ou 200k. Esta tolerância pode afectar o som e comportamento do componente, por isso a melhor maneira é mesmo medir o valor. 



quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mods de electrónica - opções (parte 2)

Na primeira parte desta série de posts falei do que se pode fazer a um pickup individual. Aqui, tenciono referir várias maneiras de ligar dois ou mais pickups.
Todas estas ligações podem ser feitas com single coils, humbuckers, ou as mods de que falei no post anterior.


Paralelo - A maioria das guitarras vêem de fábrica com esta ligação, como a posição do meio numa Les Paul, ou as posições 2 e 4 numa Stratocaster. São ligadas juntas as bobinas dos dois pickups single coil, mas em vez de somarem os outputs, cancelam parte do output (por exemplo, dois single coil com 5k ohms cada um, ligados em paralelo, têm um output de 2,5k ohms). Se os pickups tiverem polaridade e bobinagem invertidas, cancelam também o ruido de single coil. 
O som resultante é o famoso "quack"  de Strat, um tom limpo e cristalino. 


Serie - é o oposto da ligação em paralelo, e não apenas em termos de electrónica; em vez de um som limpo e agudo, esta ligação confere á guitarra um tom mais pesado e denso, mais próximo de um humbucker de alto ganho (mas mais equilibrado). Gosto especialmente desta mod em Jazz Basses, porque permite-nos usufruir de sons completamente diferentes do que vem de fábrica.


Os pickups Brian May Red Specials são ligados em serie, com interruptores para ligar em fora de fase. 


Dentro de fase - Acima mencionei que as posições do meio numa guitarra com dois ou mais pickups são normalmente os pickups ligados em parelelo. Nestas posições os pickups são também ligados dentro de fase, o que significa, sem entrar muito em teoria de electrónica, isto significa que o som final é o somatório do som dos dois pickups. 


Fora de Fase - é o oposto de dentro de fase, ou seja, o som de cada pickup "luta" contra o outro, cancelando frequências iguais, o que significa que o som final são as frequências que não são canceladas. Este é por regra um som mais fraco, nasalado e com poucos graves.
Um dos utilizadores mais famosos desta ligação era Peter Green. 
Quaisquer dois pickups podem ser ligados fora de fase, embora eu acredite que funciona melhor com humbuckers, e pickups de braço e ponte. 
Para evitar grandes diferenças de volume, pode-se ligar os pickups fora de fase e em serie.



Todas estas mods podem ser activadas com um toggle switch ou pot push/pull, e podem adicionar imensa versatilidade numa guitarra, com tons bastante incomuns.

Jay

domingo, 15 de junho de 2014

Mods de electrónica - opções (parte 1)

No post anterior mencionei algumas das mods de electrónica que podemos fazer num instrumento, e prometi falar mais sobre elas no futuro.
Bem-vindos ao futuro! Ou, quando lerem o post, já será no passado. Enfim.


Vamos começar com as mods mais comuns com humbuckers (desde que os humbuckers tenham os quatro fios). Isto porque humbuckers podem ser modificados para ter 4 fios condutores, mas deve ser feito por um técnico com experiência.



Split Coil - Um humbucker tem duas bobinas, e esta mod "desliga" uma delas. Teoricamente temos assim um single coil, e com ele os típicos ruídos. 
Em termos de som, os single coils dão á guitarra um som mais fino, brilhante e fraco, mas o som final vai sempre depender da construção do humbucker que estamos a modificar. 

Split Coil Variável - Esta é uma das minhas preferidas, especialmente para quem não usa o pot de tone. Em vez de desligar uma das bobinas do pickup com um switch, desliga-o gradualmente, permitindo ter o som cheio do humbucker com o pot no 10, e single coil no 0. Entre o 10 e o 0 temos uma bobina activa e a outra cada vez menos presente. Além de ser muito versátil, esta mod elimina os ruídos de single coil, que só se ouvem na posição 0.

Split Coil Parcial - Uma mistura entre um split coil normal e um variável. Permite escolher entre o som completo de humbucker, e o som de uma bobina + parte da outra; por exemplo, 100% do som de uma das bobinas do humbucker e 25% do som da outra. Isto significa que ficamos com um som mais brilhante, com menos perda de volume,e sem ruídos. 

Bobinas ligadas em paralelo - A maior parte dos humbuckers vem de fábrica ligados em serie, o que significa que o som das duas bobinas soma-se, dando mais volume, mais médios e graves, e menos agudos.
Ligando-os em paralelo, perdemos alguns graves, mas mantemos os médios e ganhamos mais agudos. Na minha opinião esta mod, em grande parte dos humbuckers, aproxima-nos mais do som de um single coil do que com split coil, com menos perde de volume e sem ruídos. Tem no entanto resultados diferentes dependendo do humbucker em si, sendo assim uma mod um pouco imprevisível.  


Coil Taping - Esta mod é muitas vezes confundida com split coil, mas é completamente diferente, até porque não é propriamente uma mod de humbucker mas sim de single coil. Não é qualquer pickup que permite esta mod (a Seymour Duncan tem alguns que o permitem, como o Quarter Pound para telecaster). A mod requer três fios no single coil, os dois fios condutores normais, e um terceiro com ligação a meio da bobina. Esse terceiro fio reduz o output do pickup (de, por exemplo, 9k ohms para 5) permitindo ter no mesmo pickup um som com mais output e outro mais vintage

Num próximo post quero falar de mods entre dois pickups (ligados em parelelo ou em serie, dentro e fora de fase) e de mods para os pots de tone e volume.

Jay


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Versatilidade e o que resulta

 Apesar de já trabalhar com instrumentos electricos há anos, ainda fico admirado com o quanto uma modificação na electrónica pode mudar o som do instrumento e inspirar o guitarrista/baixista a descobrir novos sons.

As opções sao imensas, desde ligações em paralelo, fora de fase, coil taping, coil spliting, coil spliting parcial (fixo e variável), equalizações passivas, até coisas tão simples como mudar o valor do condensador do potenciómetro de tone, ou do potenciómetro em si. Tenciono fazer um post em breve a explicar o melhor possivel todas estas mods.
Todas estas opções abrem possibilidades para novos sons, e podem tanto dar optimo resultado, como ser confusas e frustrantes para o instrumentista.


Recentemente tivemos na oficina um cliente com uma Strat (configuração de pickups HSS), e ele sabia que tipo de som queria - algo diferente e simples. O que fizemos foi mudar o pickup do braço para perto do pickup do meio, ligá-los juntos e dar-lhes pots de volume individuais.



Quando estava eu a experimentar a guitarra achei-a versátil mas demasiado confusa para mim, já que rodar um dos pots apenas um bocadinho resultava num som completamente diferente, e tornava-se frustrante tentar tirar o som que eu queria.

Para o dono da guitarra, no entanto, fazia todo o sentido. E surpreendeu-me o quão facilmente ele consegue tirar da guitarra desde sons limpos e brilhantes a sons pesados e densos, e até sons mais jazzy e definidos.



Por outro lado, a minha Lag Roxanne tem 3 pots push-pull com várias mods instaladas e para mim sempre foi bastante intuitivo usá-las (ao contrário dos dois pots de volume).





Mods nao devem ser complicadas e tornar-se numa coisa em que temos que estar constantemente a pensar como conseguir o som que queremos, ou que acabamos por nem usar.
Uma boa mod deve fazer sentido, dar-nos sons que queremos usar, e fazer-nos sentir "em casa" com o instrumento. Porque, no fim de contas, sentirmo-nos á vontade com a nossa guitarra traz muito mais versatilidade do que 20 switches e pots.

Jay



terça-feira, 10 de junho de 2014

Ideias perdidas - Micro Nut da Micro Frets


Com "Ideias perdidas" pretendemos falar um pouco de instrumentos que desapareceram ao longo do tempo, mas que nos trouxeram novas e brilhantes (ou não) ideias.

Hoje gostavamos de tirar o chapéu ao senhor Ralph Jones, inventor das guitarras Micro Frets (anos 60).




Mais especificamente, Jones reparou que muitas vezes intonar a guitarra na ponte nao era o suficiente (como podem confirmar os utilizadores de Gibson Les Paul), especialmente na corda Sol. Inventou então uma pestana ajustável (Micro Nut), décadas antes de aparecerem as pestanas compensadas que conhecemos agora.


A pestana funcionava de maneira incrivelmente simples: cada corda tinha uma micro nut apoiada num rolamento, para ajustar a afinação e para a tornar móvel, tendo cada "mini-pestana" alguns milimetros de ajuste (mais para a corda Sol). Trancavam com um parafuso, permitindo ao instrumentista fazer bends ou tocar com força sem perder a intonação.

Simples, intuitivo e eficaz.




As invenções de Jones não se ficam pela Micro Nut. As guitarras da Micro Frets tinham mais especificações (na altura) inovadoras, entre elas, ponte de tremolo compensada, selas com tranca (de novo para manter a intonação), braços ergonómicos, potenciómetros de volume e tone escondidos na pickguard (como se consegue ver na primeira imagem), e um transmissor wireless embutido na guitarra - em 1968!


Infelizmente os instrumentos da Micro Frets nunca ganharam fama, e em meados dos anos 60 já havia um número enorme de construtores e menos interesse em guitarras eléctricas. Fora que não eram instrumentos baratos de produzir. Estima-se que a marca tenha produzido cerca de 3000 instrumentos..


Hoje em dia começam a ganhar fama, e no inicio dos anos 2000 a marca estava a planear voltar a produzir alguns dos modelos antigos (neste momento esse projecto esta inactivo).
Seria muito interessante vê-los de volta, seja com reissues dos modelos antigos, ou com designs novos que incorporassem as ideias fantásticas de Ralph Jones.


domingo, 8 de junho de 2014

Primeiro baixo eléctrico

O primeiro baixo eléctrico, ou o primeiro a chegar perto do que é hoje em dia a guitarra-baixo. Com corpo sólido de madeira, mais pequeno (107cm no total), e tocado horizontalmente, em vez de na vertical como o contrabaixo.

Inventado por Paul Tutmarc, chamava-se Audiovox Model 736 de 1937 (embora o primeiro protótipo tenha sido criado em 1933).



A primeira guitarra eléctrica


De 1932, a Rickenbacker Frying pan foi a primeira tentativa de resolver o (na altura) eterno problema de falta de volume nas guitarras acusticas.


Graças ás maravilhas da internet, é possivel ouvi-la aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=ndhGJHNqbMc

Refret: quando, como e porquê


Aqui queriamos falar um pouco sobre refrets, quando fazê-lo e porquê; o que se pode conseguir com trastos novos; quais as diferentes opções e como estas afectam a tocabilidade e o som do instrumento.

Os trastos de um instrumento acabam por sofrer desgaste ao longo do tempo - quanto tempo irão durar vai depender do material de que são feitos, do modo de tocar do dono do instrumento, da força com que se pressionam as cordas, e claro, de quantas horas se passa a tocar.

Trastos demasiado desgastados podem causar "buzz" e ruidos parasita, fazer as notas e acordes perderem definição, e até causar problemas de afinação.

Se os trastos forem altos o suficiente e o desgaste nao for extremo, é possivel apenas nivelá-los (fret leveling), lixando os mais desgastados até remover as marcas das cordas, e os menos afectados até estarem todos á mesma altura. 

Se for possivel fazer apenas um leveling, ou se apesar do desgaste o som ou tocabilidade do instrumento nao forem afectados, é sempre de evitar o refret, pois este não é um processo fácil e sem consequências.

É um trabalho invasivo, com que nem todas as madeiras lidam bem. Os trastos não foram feitos para voltarem a sair, e se não forem retirados com muito cuidado (e alguma experiência), a escala pode sofrer falhas, e a ranhura do trasto pode ficar larga demais para acondicionar o trasto novo em condições.

No entanto, a partir de um certo nível de desgaste, e especialmente em trastos mais baixos (estilo vintage), a melhor opção é partir para o refret.
Após a decisão de fazer refret, é necessário falar também com o cliente sobre que trastos colocar agora na guitarra ou baixo. Existem opções diferentes em termos de material, forma e tamanho. Estes factores podem alterar imenso o instrumento, por isso é sempre crucial entender o que o cliente pretende e o que vai beneficiar o instrumento. Em caso de duvida gostamos de ter várias guitarras com trastos diferentes pela oficina, para o cliente poder testar.
Para além da questão óbiva da durabilidade (trastos maiores irão em principio durar mais tempo), a escolha do tamanho é acima de tudo uma questão de gosto pessoal em termos de conforto.

Em termos de diferença de materiais, a Jim Dunlop faz os Accu Frets de uma liga de níquel e cobre (prata germânica) que considero uma boa opção, por terem uma boa durabilidade, e dão á guitarra um ataque forte e definido.
A Jescar usa vários materiais nos trastos que fabricam, desde a prata germânica, a aço inoxidável, a uma liga a que chamam Evo Gold. Estes são feitos sem niquel (a pensar nos alérgicos) e são bastante duráveis, mas infelizmente não tem tantas opções de tamanho como os da Jim Dunlop.
Trastos feitos de aço inoxidável começam a ser muito usados, especialmente por construtores custom. é um material muito denso e resistente, por isso nao são faceis de trabalhar, nem permitem a utilização de ferramentas de refret normais. Têm no entanto um ataque brilhante e definido, com algum trabalho extra são uma boa opão para um refret durável e trastos macios e brilhantes.

Estes são os materiais com que costumamos trabalhar, existem claro outras opções, como os trastos com ligas de zinco ou cobre, mas estes são os materiais que normalmente se encontram nos instrumentos de gama baixa, e além de serem materiais pouco restistentes conferem á guitarra um som com menos definição.